“As pranchas personalizaram minha arte”.
Da Califa a São Paulo
Nascido no Sul da Califórnia e com descendência grega, viveu em várias partes do mundo à procura de ondas e riqueza cultural. Depois de conhecer o Brasil em 2001, acabou escolhendo o Leblon para montar sua base até mudar-se para o litoral paulista.
Ithaka começou a surfar aos 12 anos no Hawaii enquanto passava férias em Maui com um amigo. “Um dia quando pescava no canal de Honolua Bay vi uns caras pegando tubos. Eram como as imagens das revistas e na hora pensei: Tenho que fazer isso!”, recorda.
Passado
Aos 16 anos pintava elementos do mar em qualquer coisa que via pela frente. Seis anos depois, após encontrar uma prancha sua quebrada, resolveu pintá-la e alterou completamente sua forma utilizando um serrote. “A partir daí, nunca mais pintei numa tela ou peça de madeira. As pranchas personalizaram minha arte”.
Desde então, usa ferramentas simples como serrote e lixa, tinta acrílica e pó de madrepérola para transformar shapes em obras de arte. “Experimento materiais e tenho meus segredos, mas o primeiro passo sempre é consertar a prancha e prepará-la para receber os produtos”.
Presente
Reconhecido internacionalmente, já transformou mais de 200 pranchas. Ithaka participou de exposições na Europa, Brasil, Japão e Estados Unidos e acaba de lançar a série “Jurema”, produzida sob forte influência da flora brasileira, em que mistura aos blocos, galhos quebrados e sementes. “Deixei a forma da prancha natural e usei detalhes orgânicos. É uma série baseada na natureza”, especifica.
Polivalente, ele passeia com muita desenvoltura e fluidez por mais três vertentes da arte: a música, a fotografia e a escrita. Lançou cinco CDs solos de hip hop alternativo com letras que não se limitam ao “batido” universo gangsta, além de ter participado de projetos musicais de artistas diferenciados.
Trilha sonora surfista
Versos baseados em suas experiências e cantados por sua voz imponente, fazem de Ithaka um músico premiado com sucessos incluídos em filmes de surf até produções hollywoodianas. Marcou presença na trilha sonora de “Second Thoughts”, de Timmy Turner, e "Samba Trance & Rock n’ Roll", do premiado videomaker brasileiro Rafael Mellin. Sua canção “Escape from the City of Angels” embalou um filme considerado sucesso em Hollywood, “Replacement Killers” (Assassinos Substitutos).
A influência do surf em sua música é notória. Um de seus álbuns, intitulado “Stellafly”, a canção “Seabra is mad” homenageia a coragem do big rider português José Seabra que, ao seu lado, protagonizou uma histórica sessão na ilha da Madeira no inverno de 95, botando para baixo em ondas de 15 pés plus na remada.
“Não existe normal. Viva à sua maneira.”
Literatura e fotografia
Leitor assíduo de escritores como Charles Bukowski pegou gosto pela escrita quando estava em Lisboa, Portugal, no chuvoso inverno de 92, sem pranchas (presas por cerca de dois meses na alfândega). Suas histórias de surf com ficção foram publicadas em diversas revistas ao redor do mundo, como a coluna “Fishdaddy Chronicles”, na Water, além de crônicas nas revistas Surfer, International Surf, OnFire e Surf Portugal. Fez também reportagens sobre os diferentes lugares por onde passou. “Antes de tudo, sou um contador de histórias. Minha música mostra isso e os meus artigos também”.
Na fotografia, acumula imenso material de surf trips e trabalhou, no fim dos anos 80, fotografando grandes nomes no hip hop mundial, como N.W.A, grupo mítico de Los Angeles que juntou Ice Cube, Dr. Dre, MC Ren e Eazy E.
Elementos do Mar
As habilidades deste artista polivalente são totalmente interligadas pelo mar. “Estou envolvido com todas da mesma forma. Nunca tive uma verdadeira razão para escolher uma ao invés da outra. Estas múltiplas facetas me definem não como artista, mas como ser humano”, explica.
Já visitou e surfou ondas na Grécia, Marrocos, Quênia, Tanzânia, Cabo Verde, Indonésia, Nova Zelândia, México, Austrália e Peru. Sua viagem mais recente foi ao litoral grego, em março passado, quando teve a oportunidade de encontrar boas ondas no mar Mediterrâneo. “Morei lá há anos atrás, mas não havia surfado. Desta vez, com a ajuda da tecnologia, peguei altas ondas, além de descobrir diversos surf spots. A Grécia possui três mil ilhas, tem muitas possibilidades, com um litoral recortado e fundos bons. Foi engraçado encontrar ondas na terra dos meus avós”, diz.
Conheça a si mesmo e viva sua vida
Multifacetado, multiartista, polivalente, são várias as definições encontradas para este artista extremamente original, que norteia sua vida no prazer que sente no contato com o oceano. Para ele, uma boa definição para si é a de comunicador audiovisual, que vive simplesmente para criar e comunicar. A mensagem transmitida em sua obra pode ser facilmente captada ao observar seu estilo de vida.
“Não é todo meu trabalho que tem uma mensagem. O que tento dizer é para não se viver a vida da maneira como a mídia, sua família e etc julgam normais. Não existe normal. Viva à sua maneira. Experimente todas as possibilidades e seja o mais feliz possível. Não tenha medo de sentir dor. Ela também faz parte da jornada. Não tenha pressa para alcançar seus objetivos financeiros. Ande devagar, explore as ‘ruas pequenas’, cheire as flores e, principalmente conheça a si mesmo”.
Futuro
Entre seus próximos projetos, Ithaka destaca a publicação da crônica “Milagre em Malibu” no livro Surf Story, com lançamento previsto para dezembro próximo no Hawaii. De malas prontas para passar uma curta temporada na Califórnia, ele planeja o lançamento de um CD com sucessos de sua carreira, além da continuidade na produção de suas esculturas.
“Antes de tudo, sou um contador de histórias. Minha música mostra isso e os meus artigos também.”
Para saber mais sobre o trabalho do artista, acesse:
instagram: @_ithaka_
https://www.facebook.com/ithaka.artist
http://www.myspace.com/ithakamusic
“Não tenha medo de sentir dor. Ela também faz parte da jornada.”
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