Sunday, October 20, 2013

Ithaka surfing Madeira Island Published In Storm Rider Guide Europe


NOW EXTINCT: (R.I.P): Me at Ponta Delgado aka Shotgun Point on the island of Madeira, Portugal (Storm Rider's Guide Europe/photo: Joâo Valente). This epic and often heavy left point break was completely destroyed because of a ridiculous sea wall that was implemented to 'save' a public swimming pool that was rarely, if ever, used. Thanks to the efforts of Will Henry & Save The Waves and their documentary "Lost Jewel Of The Atlantic" [directed by Jacob Holcomb] - many of the other destructive projects that would have destroyed other spots on the island were redesigned and thus far less damaging. — in Madeira, Portugal.

Sunday, October 6, 2013

Monday, September 2, 2013

Ithaka: Entrevista na Revista UP - (de TAP Linhas Aéreas - Portugal). Artigo por: Maria Ana Ventura / Fotografia por: Dede Fedrizzi


Ithaka

É artista plástico. É fotógrafo. É surfista, músico e letrista. Tem por lema uma frase simples: não é o destino que importa mas sim a viagem. Eis Ithaka –“vagabundo profissional”.
Ithaka por/by Dede Fedrizzi
Ithaka não é o seu nome de batismo. Mas é aquele pelo qual gosta de ser chamado. Tudo porque um dia lhe foi parar às mãos o poema do grego Konstantínos Kaváfis, intitulado, precisamente, Ithaka: “Quando li pela primeira vez aqueles versos, senti que eram a minha vida e daí em diante passei a usá-los como guia. O poema é extenso mas a mensagem resume-se a isto: a viagem é mais importante do que o destino. E a minha vida é uma grande viagem, umas férias low budget cheias de aventuras”, diz ele num português desembaraçado onde se nota o sotaque do Brasil e do inglês dos Estados Unidos da América.

Get Up
Ithaka nasceu no Orange County da Califórnia e, até começar a viajar, foi americano. Hoje é mais um “cidadão do mundo”, explica. Mas foi nos Estados Unidos que as paixões de vida, que acabaram por se transformar em muitos ofícios, apareceram. A fotografia primeiro: “Foi por intermédio do meu pai, engenheiro e fotógrafo nos tempos livres. Eu, talvez por arrasto, comecei a brincar com máquinas fotográficas aos cinco anos”. O surf também apareceu cedo. “Tinha 12 anos e fui ao Havai com a família de um amigo. Lembro-me como se fosse hoje daquele dia de tubos perfeitíssimos em Honolua Bay [na ilha de Maui]. Eu que até vivia perto do mar na Califórnia e que até fazia bodyboard de vez em quando, nunca tinha visto nada como aquilo. Quis imediatamente começar a surfar e quando voltei a casa vendi a minha bateria – já nessa altura estava ligado à música e tocava numa banda de covers de Led Zeppelin – para comprar uma prancha de surf”.
Os anos foram passando e as paixões foram-se acumulando. Por auto-recreação e em modo autodidata, Ithaka começou a fazer experiências com pintura e escultura usando, entre outros materiais, pranchas de surf como tela e matéria-prima. “No entanto nunca entendi aquilo como arte. Para mim era só mais um hobby, como o surf, a música, a fotografia. Mas um dia, uma namorada que vivia em Los Angeles levou-me a visitar vários museus e galerias de arte contemporânea da cidade e disse-me: ‘Vês, tu és um deles, és um artista’”. E era, de facto.
Ithaka começou então a trabalhar a sério como fotógrafo nos Estados Unidos. Fotografou atores e músicos famosos para revistas não menos ilustres. “Mas aquilo não era o meu estilo, estava muito condicionado a fundos brancos e a outras formalidades que não me davam grande margem criativa. Continuava a fazer as minhas artes plásticas, mas sentia que precisava de mais. Mudei-me para Hollywood e virei-me para o lado mais urbano da arte. Ainda assim não me dei por satisfeito. Faltava-me a aventura.”

Escape from the City of Angels
“Na minha primeira viagem para fora da América do Norte fui parar à Alemanha e fiquei fascinado com a explosão de informação que foi para mim a Europa. Mais tarde, quando perdi o meu pai, decidi que tinha de ir à Grécia – a terra dos seus (e dos meus) antepassados, que ele nunca tinha visitado. Fui conhecer as nossas origens por nós.” Na Grécia, Ithaka reconheceu o seu ADN especialmente na forma como os gregos vêem o mundo real com olhos de fantasia. “Eles [os gregos] têm sempre duas explicações para uma coisa. Se o mar está revolto tanto pode ser por causa de uma tempestade como pode ser uma fúria de Poseidon, e isso fascina-me.”
As suas fotografias e as esculturas que começou a fazer a partir de pranchas de surf (ver caixa), começaram a levá-lo pelo mundo fora, Japão – onde acabou por passar uma longa temporada – incluído. Convencido de que já tinha uma boa dose de aventuras na sua coleção voltou a casa. Mas não demorou muito até querer partir de novo. Ainda tinha fome de cultura europeia e também tinha apetite por lugares com boas ondas. Talvez por isso o próximo destino fosse óbvio.
“Cheguei a Portugal a 13 de julho de 1992 com um bilhete só de ida e com 70 dólares no bolso. Fui direto do aeroporto para o Bairro Alto. Tudo me parecia um filme de Fellini: a luz, as ruas, a sensação de que estava numa máquina do tempo. Uma alucinação.” A única certeza que Ithaka tinha é que em Portugal encontraria a mistura perfeita de surf e cidade, mas Lisboa encarregou-se de lhe dar muito mais. Logo nos primeiros tempos cruzou-se, por mero acaso, com a equipa que estava a trabalhar no filme Manual de Evasão LX94, do realizador português Edgar Pêra. Acabou a fazer as fotos do cartaz do filme. Porque as pranchas de surf ficaram retidas na alfândega, o primeiro inverno em Lisboa não foi passado a surfar como ele queria, mas sim em frente a uma máquina de escrever. E assim apareceram As Aventuras de Korvorão – “um misto de corvo e de tubarão, o Korvorão pode nadar ou voar para qualquer parte do mundo, não está preso entre fronteiras nunca” –, uma série de contos que acabaram por se transformar em esculturas e também uma data de textos que haviam de se transformar em músicas.
“Um dia fui entrevistado para a Rádio Comercial. Um dos produtores gostou de ouvir a minha voz e convidou-me para fazer um programa chamado o Quarto Bairro.” Foi aí que a música, que tinha estado algo adormecida, voltou a tomar conta dele. Ithaka leu alguns dos textos que escreveu nesse inverno chuvoso por cima de instrumentais de hip-hop. “Um género que vi crescer e com o qual convivi muito de perto em Los Angeles especialmente enquanto trabalhei como fotógrafo para a Priority Records”, acrescenta o artista, que não contava que “Get Up”, um poema que começou por ser remisturado pelos Underground Sound of Lisbon alcançasse um sucesso estrondoso, não só nas pistas de dança portuguesas, mas também nas tabelas dos Estados Unidos e no Reino Unido – ainda que, sabe-se lá por obra e graça de quem, o seu nome tenha sumido dos créditos.

Saltwater Nomad
As viagens de Ithaka inspiraram álbuns, poemas e crónicas. “Seabra is Mad” – uma das músicas do ano de 1997 segundo o jornal Público e um dos temas do filme de surf Chasing The Lotus (2006) de Gregory Schelle – é fruto de uma surftrip exploratória às ondas da ilha da Madeira com o big rider português José Seabra, que num dia pesado não hesitou em entrar no mar ainda desconhecido. Já Somewhere South of Somalia, por exemplo, é um álbum inspirado numa viagem de dois meses a esse país do Este africano. “Sou um contador de histórias e a minha música mostra isso, tal como os meus artigos [Ithaka publicou ficções sobre surf em revistas da especialidade, como a Surfer, a Transworld Surf, a Fluir e a Surf Portugal]”.
Depois de Portugal, Ithaka visitou o Brasil a convite do rapper (e surfista) Gabriel o Pensador. Recorded in Rio é um de dois álbuns gravados no Rio de Janeiro. Mas a relação com o Brasil não se ficou por aí. Hoje, é lá, mais propriamente no litoral do sul de São Paulo, que o multidisciplinar artista passa a maior parte do ano. O seu pequeno recanto, a que ele chama Akahtilândia, está envolto em floresta tropical e tem ondas boas e desertas à mão de semear. Longe de tudo e de todos menos de si próprio, na Akahtilândia Ithaka continua a fazer o que mais gosta. Já gravou um álbum – Voiceless Blue Raven –, não deixou de esculpir, de surfar, nem tão pouco de fotografar: “Sabias que fotografei vários insetos dos quais ainda não encontrei nenhuma referência em enciclopédia alguma?”
Artes plásticas, música, fotografia. Não há nenhuma mais forte do que a outra. “Estou envolvido com todas da mesma forma. Estas múltiplas facetas definem-me não como artista, mas como ser humano”. E as viagens também: “Gosto de realidades múltiplas! Tornam o meu mundo mais colorido. Gosto deste estado de ficar entre muitos mundos e entre muitas carreiras. Sou um híbrido”.
por Maria Ana Venturaretrato por Dede Fedrizzi

Ithaka Interviewed in UP Magazine -http://upmagazine-tap.com/en/#ithaka-2


Ithaka

He is an artist, a photographer, surfer, musician and songwriter. His motto is simple: it is not the destination that matters, it is the journey. Meet Ithaka –“professional vagabond”.
Ithaka por/by Dede Fedrizzi
Ithaka was not his birth name. But it is what he likes to be called, all because one day he picked up a poem by the Greek writer Konstantínos Kaváfis entitled Ithaka: “When I read those verses for the first time, I felt they were my life and from then on I used them as a guide. The poem is long but the message boils down to this: the journey is more important than the destination. And my life is one long journey, like a low budget holiday full of adventures”, he says in unencumbered Portuguese with an accent influenced by Brazil and American English.

Get Up
Ithaka was born in Orange County, California and, until he started travelling, was American. Today he is more a “citizen of the world”, he explains. But it was in the USA that his life’s passions, which have turned into many different crafts, appeared. First photography: “This was through my father, an engineer and photographer in his free time. I got drawn into playing with cameras when I was five years old”. Surfing was also something that appeared early on. “I was 12 and went to Hawaii with the family of a friend. I remember as if it were yesterday, that day of perfect waves in Honolua Bay [on the island of Maui]. Even though I lived near the sea in California and went bodyboarding sometimes, I had never seen anything like it. I wanted to start surfing straight away and when I came home I sold my drum kit – I was into music at the time and played in a Led Zeppelin covers band – to buy a surfboard”.
The years passed and his passions multiplied. By experimenting and teaching himself, Ithaka started painting and sculpture, using surfboards as a canvas and raw material. “I had never thought of it as art. For me it was just a hobby like surfing, music and photography. But one day, a girlfriend who was living in Los Angeles took me to visit some museums and contemporary art galleries in the city and said: ‘Look, you’re one of them, you’re an artist’”. And in fact I was.
Ithaka started working seriously as a photographer in the USA. He photographed famous actors and musicians for some major magazines. “But it wasn’t my thing; I was very limited by white backgrounds and other formalities which didn’t leave me much room creatively. I carried on doing my art, but I felt I needed something more. I moved to Hollywood and got into the more urban side of art. It still didn’t satisfy me. The adventure was missing.”

Escape from the City of Angels
“On my first trip outside North America I ended up in Germany and became fascinated with the explosion of information that for me was Europe. Later, when I lost my father, I decided that I had to go to Greece – the land of his (and my) ancestors which I had never visited. I got to know our origins.” In Greece, Ithaka recognised his DNA, especially in the way the Greeks see the real world through the eyes of fantasy. “They always have two explanations for everything. If the sea is rough it could be because a storm is coming or because of Poseidon’s fury, which fascinates me.”
The photographs and sculptures he started to make from surfboards (see inset), began to take him abroad, including to Japan – where he ended up spending a long time. Once he had a good dose of adventure under his belt, he went back home. But it wasn’t long before he was off again. He was still hungry for European culture and for places with good waves. Perhaps that is why there were no surprises about his next destination.
“I arrived in Portugal on 13th July 1992 with a one-way ticket and 70 dollars in my pocket. I went straight from the airport to the Bairro Alto. It all seemed like a Fellini film: the light, the streets, the feeling that I had gone back in time - a hallucination.” The only thing he could be sure about was that in Portugal he would find the perfect mixture of surf and city, but Lisbon decided to give him much more. Right at the start, quite by chance, he bumped into the team who were filming Manual de Evasão LX94, by Portuguese director Edgar Pêra. Ithaka ended up doing the photos for the movie poster. Because his boards got held up in customs, the first winter in Lisbon was not spent surfing as he’d wanted, but in front of a typewriter. That is how The Adventures of Korvorão appeared– “a mixture of crow and shark, the Korvorão can swim or fly to any part of the world, it is never confined by borders” – a series of tales which ended up turning into sculptures and also a series of texts which were then made into songs.
“One day I was interviewed for Rádio Comercial. One of the producers liked the sound of my voice and invited me to make a programme called Quarto Bairro.” That’s when music, which had been a bit dormant, returned to occupy his time. Ithaka read some texts he had written that rainy winter over the top of some hip-hop instrumentals. “It’s a style I saw evolving and which I’d been very close to in Los Angeles especially when I worked as a photographer for Priority Records”, says the artist, without mentioning that “Get Up”, a poem which ended up being remixed by Underground Sound of Lisbon achieved huge success, not only on the Portuguese dance floors, but also on turntables in the United States and the UK – even though, who knows how, his name has disappeared from the credits.

Saltwater Nomad
Ithaka’s travels have inspired albums, poems and stories. “Seabra is Mad” – one of the songs of the year in 1997 according to the newspaper Público is a theme of the surfing film Chasing The Lotus (2006) by Gregory Schelle – the result of a experimental surfing trip to the waves of Madeira with Portuguese big rider José Seabra, who one fine day went straight into the water while still an unknown. Somewhere South of Somalia, for example, is an album inspired by a two-month trip to East Africa. “I’m a storyteller and my music shows that, as do my articles [Ithaka has published fiction about surfing in specialist magazines like Surfer, Transworld Surf, Fluir and Surf Portugal]”.
After Portugal, Ithaka visited Brazil on the invitation of rapper (and surfer) Gabriel o Pensador. Recorded in Rio is one of two albums made in Rio de Janeiro. But his relationship with Brazil did not end there. Today, it is here, or more specifically the southern coast of São Paulo, that this multidisciplinary artist spends most of the year. His little hideaway, which he calls Akahtilândia, is surrounded by tropical rainforest and has good waves and deserted beaches to hand. Far from anywhere and anyone except himself, at Akahtilândia Ithaka continues to do what he likes most. He has recorded an album – Voiceless Blue Raven – and has not stopped sculpting, surfing, or taking photographs: “Did you know that I have photographed several insects I have never found in any encyclopedia?”
Art, music, photography. None is stronger than the other. “I am involved with all of them at the same time. They are multiple facets that define me not as an artist, but as a human being”. And travelling: “I love multiple realities! They make my world more colourful. I love the state of being between many worlds and between many careers. I’m a hybrid”.
by Maria Ana Venturaportrait by Dede Fedrizzi
http://upmagazine-tap.com/en/#ithaka-2

Monday, August 26, 2013

Ithaka exhibit at Hurley Headquarters scheduled for October the 11 - 2013

"STELLAFLY" in California - ONE NIGHT ONLY (Oct. 11)...I will be exhibiting a selection of art pieces from the twenty year project Ithaka's "The Reincarnation Of A Surfboard" at a space known as The Town Hall at Hurley's international headquarters in Costa Mesa. link:http://www.facebook.com/events/1408102219407938/

Contemporary sculptures created from recycled surfboards. Works from the twenty year project, The Reincarnation Of A Surfboard by Californian-born artist Ithaka will be on display one night only at The Town Hall at Hurley Headquarters in Costa Mesa.








Monday, May 6, 2013

Sagres Surf Culture. Ithaka is also “mad”

http://www.ionline.pt/artigos/surf/sagres-surf-culture-ithaka-also-mad

Por Beatriz Silva publicado em 4 Maio 2013 - 07:00


Natural da Califórnia, as suas viagens são o ponto de encontro do surf, da arte e da música, mas é no mato que está toda a beleza. Conheça o seu trabalho até amanhã, em Sagres
Vive no meio do mato e é lá que encontra a sua inspiração para surfar, fazer as suas esculturas, fotografar e compor a sua música. Faltará alguma coisa a Ithaka para terminar a vida em grande? O artista conta-nos que ainda quer apostar no cinema, mas vamos com calma. Acabado de chegar a Sagres, aproveitámos para conhecer um pouco melhor este autodidacta multifacetado. Com o tempo apertado, convida-nos para almoçar, e é aqui que começa a contar a sua história.

Natural da Califórnia, Ithaka começou muito cedo com todos os seus projectos. “Desde os cinco anos que fazia fotografia porque o meu pai era amante da fotografia e as minhas primeiras actividades criativas foram nesta área. Depois, com 17, 18 anos, comecei a fazer outras experiências visuais com materiais alternativos, como prateleiras e portas”, conta--nos. Foi aqui que nasceram as pranchas reencarnadas, e são algumas destas que podemos ver em exposição no Sagres Surf Culture, a decorrer onde o próprio nome indica até domingo. Com mais de 300 peças feitas, Ithaka vai buscá-las ao lixo ou apanha-as partidas à beira-mar. “Tinha uma prancha partida no meu apartamento em Hollywood e um dia dei por mim sem nada para pintar, sem uma tela, sem uma porta. Peguei na prancha partida e vi-a de outra maneira. Nos primeiros anos em que trabalhei nelas mudei as linhas originais e dei uns tons dourados, que acabei por ir modificando com o tempo”, explica-nos.

A paixão pelo surf apareceu no meio de tudo isto e hoje o californiano, que se iniciou com o bodyboard, viaja regularmente à procura de ondas boas. “Não vivi perto da praia, mas já tinha interesse pelo surf porque o mercado ao lado de casa vendia revistas de surf e as capas chamavam-me a atenção.” Começou a surfar aos 12 anos, depois de uma viagem que o marcou para sempre. “Tinha um amigo na escola. O pai dele era arquitecto e na época, como a minha família não tinha dinheiro para fazer férias e o pai do meu amigo estava a construir um hotel na ilha de Maui, no Havai, convidaram-me para passar uma semana lá. Durante esta viagem alugámos um barco para pescar e chegamos à baía de Honolua, onde existem as melhores ondas do mundo. Tinham quase 2 metros e vi pela primeira vez na vida ondas sobre o coral e gajos a surfarem-nas. Foi nesta viagem que comecei a surfar.” Mas o dinheiro era pouco e as pranchas muito caras. “Na época vendi a bateria que tinha em casa para comprar uma prancha”, revelou.  Porém, mesmo sem bateria, a música não ficou por aqui.

DA COSTA AO INTERIOR Apesar de ter escolhido o mato no litoral sul do estado de São Paulo, no Brasil, para viver, Ithaka não pára quieto e é nas suas viagens que se baseia para transmitir ao mundo o que sente através das diferentes artes. Se na Grécia procurou as suas origens, foi no Japão que meteu na cabeça que queria vir até Portugal e conhecer o que o pequeno canto do continente mais antigo do mundo tem para oferecer. Questionado sobre escolha, o surfista explica que “estava cansando do sonho americano e da ilusão dos Estados Unidos como centro do universo”. “Eu sempre lutei contra isso e fui viajando. Passei pela Grécia, estive um ano no Japão e já tinha Portugal em mente. Não sei se criei esta ilusão, mas sentia que este país estava a chamar-me.” Nada acontece por acaso. “Um dia, a andar na calçada em Tóquio, estava a pensar num futuro em Portugal e vi um pedaço de cortiça na água. Pisei, apanhei e vi escrito: fabricado em Portugal. Fiquei com aquilo na cabeça.”
Com o trabalho fotográfico sempre presente e a viver no Bairro Alto, foi aqui que a música se apurou. “Tudo começou com uma rubrica na Rádio Comercial, em que falava de música americana. Mas um dia acabou e, como já escrevia uns poemas, a produção achou boa ideia ler as letras que tinha escrito com o som de hip hop de fundo e foi lá que encontrei o DJ Vibe. Depois disto convidaram-me para fazer uma participação com a música “So Get up”, que foi a minha primeira canção. Depois lancei o meu primeiro álbum”, conta.

“SEABRA IS MAD” Para quem não conhece, José Seabra é actualmente director de marketing da Quiksilver em Portugal. Mas antes disso aproveitou bem a sua época para apanhar ondas e foi neste palco que Ithaka o conheceu. “Há muito tempo, numa viagem na ilha da Madeira, surfámos no Jardim do Mar. Eu e ele dentro de água. E foi impressionante a coragem dele. Não era como no Havai, onde já havia salva-vidas, helicópteros. Éramos apenas nós e o João Valente na areia a filmar. Ele [José Seabra] é louco de uma maneira calma.” Ithaka também, e é sobre esta surfada que fala a canção.

http://www.ionline.pt/artigos/surf/sagres-surf-culture-ithaka-also-mad

Wednesday, May 1, 2013

Experiência instrumental - Voiceless Blue Raven (Revista Fluir)


Experiência instrumental

Música, fotografia, artes plásticas e surf. Essas são apenas algumas das atividades que o californiano Ithaka, radicado no Brasil, exerce em seu dia a dia durante suas viagens pelo globo. Norte-americano de origem grega, Ithaka já viveu em países como Grécia, Portugal e Japão.
Surfista fissurado, Ithaka já surfou em picos no Marrocos, Quênia, Tanzânia, Cabo Verde, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia, México, Peru e Alaska, mas foi na pacata praia de Mongaguá, no litoral sul de São Paulo, que o viajante firmou sua morada e atualmente desenvolve seus projetos. Foi lá que ele formatou seu oitavo CD, Voiceless Blue Raven, primeiro álbum totalmente instrumental, que reflete as experimentações e curiosidades deste multiartista. Confira abaixo uma entrevista concedida recentemente pelo músico ao site da revista SURFPortugal. 
Por que um álbum instrumental agora? 
Nos últimos anos tenho mergulhado mais e mais no mundo da produção musical eletrônica (hip hop, trip hop, chill out e ambiente). Primeiro por interesse pessoal, depois, por necessidade, visto que passo pelo menos metade do ano em quase isolamento na zona rural do Brasil e tenho acesso limitado a um estúdio de som ou a produtores. O trabalho em computadores leva muito tempo para ser entendido, especialmente se não você não tiver nenhum background técnico. Alguns desses programas são como a aprender uma nova língua. Demoram vários anos para chegar ao conhecimento total. Senti que queria lançar um disco sem vocais desta vez para concentrar-me 100% nos componentes musicais. Este álbum representa a minha curva de aprendizagem como um produtor, como não coloquei muito a "mão na massa" no início da minha carreira, neste eu fiz literalmente tudo o que existe para fazer nos dias de hoje. Eu tenho muito interesse em trabalhar para produções, filmes, coisas do gênero. Duas das faixas deste álbum já foram utilizados num jogo popular do XBox 360 e eu sempre gostei de contribuir para as trilhas sonoras de filmes de surf ao longo dos anos. As músicas instrumentais são muito mais fáceis para os editores trabalharem e eu estou com vontade de colocar músicas desta coleção em futuros projetos de vídeo e cinema. Um dos meus objetivos para o futuro é também começar a reincorporar as minhas letras e vocais (poemas e rap) em algumas das músicas que faço no computador. A última canção neste álbum tem algumas linhas de voz, na verdade. Foi uma experiência e até gostei do resultado final. 
Quanto da parte instrumental dos seus álbuns anteriores foi feita por você? 
Eu passei a estar mais envolvido no processo de gravação e produção após o álbum Stellafly. Embora, mesmo nos dois primeiros álbuns, eu fosse uma espécie de co-produtor e tinha notas muito detalhadas sobre como algumas das faixas deviam soar. Por exemplo, neste álbum, eu incluí a versão instrumental da "Seabra Is Mad", o que é uma novidade. Quando me encontrei com a equipe de produção do álbum Stellafly, eu disse especificamente que estaríamos retratando uma verdadeira e assustadora história de vida, precisávamos que a canção "encapsulasse" a experiência moderna do surf. Precisávamos fazer uma mistura híbrida de Dick Dale, Goldie drum n bass e hip hop, com um coro de guitarra heavy metal e vocais. Foi assim que a música surgiu. Lembro-me que o guitarrista nunca tinha ouvido falar de Dick Dale e teve de fazer uma pesquisa para obter o som certo (risos). Mas no final deu certo. Algumas das faixas do álbum "Somewhere South Of Somalia" foram gravadas no meu apartamento num leitor de cassetes 4-track. Já no meu quarto álbum, gravado no Rio, fiz quase toda a produção eletrônica num programa chamado Razão, sendo que depois contei com ajuda para gravar os vocais e alguns instrumentos ao vivo. Várias das músicas do Voiceless Blue Raven foram totalmente feitas em um computador na minha casa na selva em AkahtiLândia, no Brasil. Foi uma experiência surreal... Ficar com a cara enfiada num computador durante várias horas, depois ir até à varanda para beber um café, fazer uma pausa e ficar cego com o brilho da folhagem verde e com os tucanos voando. 
O disco será lançado fisicamente ou apenas em formato digital? 
O Voiceless Blue Raven está disponível no iTunes e em todas as principais lojas digitais. Eu não vi nenhuma razão para fazer um lançamento físico internacional. Pessoalmente, eu já não conheço ninguém que compre discos numa loja – a menos que seja um vinil raro de colecionador. É também muito mais correto ambientalmente distribuir um álbum em formato digital. No entanto, fizemos um número limitado de cópias físicas que estarão disponíveis nas minhas exposições. 

http://fluir.terra.com.br/entrevista/experiencia_instrumental