Tuesday, March 17, 2020

Ithaka Darin Pappas é um músico e artista californiano




O músico, artista plástico, escritor, fotógrafo e surfista, Ithaka, começou a fotografar regularmente com apenas cinco anos – publicou sua primeira foto com 17. Por alguns anos, sustentou-se inteiramente com a fotografia, mas depois passou a desviar suas atenções para outras áreas de expressão, como escultura e música, apesar de a fotografia nunca ter saído de sua minha vida. A fotografia apenas se incorporou nessas outras atividades. “Um dos maiores projetos da minha vida tem sido a contínua série de esculturas The Reincarnation Of A Surfboard. São esculturas contemporâneas criadas exclusivamente a partir de pranchas de surf recicladas”, diz o californiano. Ithaka conta também que a fotografia sempre continuou ao lado desse trabalho, como parte das exposições. Mas, como afirma, “não apenas para mostrar como são as esculturas, e sim como um trabalho separado”. Ele vive no Brasil atualmente, onde gravou seu últimos dois álbuns, Recorded In Rio e Saltwater Nomad.

Já visitou e surfou ondas na Grécia, Marrocos, Quênia, Tanzânia, Cabo Verde, Indonésia, Nova Zelândia, México, Austrália e Peru. Sua viagem mais recente foi ao litoral grego, em março passado, quando teve a oportunidade de encontrar boas ondas no mar Mediterrâneo. “Morei lá anos atrás, mas não havia surfado. Desta vez, com a ajuda da tecnologia, peguei altas ondas, além de descobrir diversos surf spots. A Grécia possui três mil ilhas, tem muitas possibilidades, com um litoral recortado e fundos bons. Foi engraçado encontrar ondas na terra dos meus avós”, diz.

Multifacetado, multiartista, polivalente são várias as definições encontradas para este artista extremamente original, que norteia sua vida no prazer que sente no contato com o oceano. Para ele, uma boa definição para si é a de comunicador áudio-visual – que vive simplesmente para criar e comunicar. A mensagem transmitida em sua obra pode ser facilmente captada ao observar seu estilo de vida.

Ithaka passeia com muita desenvoltura e fluidez por mais quatro vertentes da arte: a música, a fotografia, a escrita e a arte contemporânea por intermédio de suas esculturas. Em sua carreira musical lançou cinco CDs solos de hip hop alternativo, com letras que não se limitam ao “batido” universo gangsta, além de ter participado de projetos musicais de artistas diferenciados.

Versos baseados em suas experiências, cantados por sua voz imponente, faz de Ithaka um músico premiado, com sucessos incluídos em filmes de surfe até produções hollywoodianas. Marcou presença na trilha sonora de “Second Thoughts”, de Timmy Turner, e Samba Trance & Rock n’ Roll, do premiado videomaker brasileiro Rafael Mellin. Sua canção “Escape from the City of Angels” embalou um filme considerado sucesso em Hollywood, “Replacement Killers” (Assassinos Substitutos).

A influência do surfe em sua música é notório. Em um de seus álbuns, intitulado “Stellafly”, a canção “Seabra is mad” homenageia a coragem do big rider português José Seabra, que ao seu lado protagonizou uma histórica sessão na ilha da Madeira no inverno de 95, botando para baixo em ondas de 15 pés plus na remada.

Ithaka começou a surfar aos 12 anos no Havaí, quando passava férias com um amigo em Maui. “Pescava em um barco no canal de Honolua Bay, quando vi caras pegando tubos. Eram as imagens das revistas. Na hora pensei, tenho que fazer isso!!”, recorda.

Aos 16 anos, pintava elementos do mar em qualquer coisa que via pela frente. Seis anos depois, após encontrar uma prancha sua quebrada, resolveu pintá-la e alterou completamente sua forma utilizando um serrote. “A partir daí, nunca mais pintei numa tela ou peça de madeira. As pranchas personalizaram minha arte”. Desde então, usa ferramentas simples como serrote e lixa, tinta acrílica e pó de madrepérola para transformar shapes em obras de arte. “Experimento materiais e tenho meus segredos. Mas, o primeiro passo sempre é consertar a prancha e prepará-la para receber os produtos”.

Reconhecido internacionalmente, já transformou mais de 200 pranchas. Ithaka participou de exposições na Europa, Brasil, Japão e Estados Unidos e acaba de lançar a série “Jurema”, produzida sob forte influência da flora brasileira, em que mistura aos blocos, galhos quebrados e sementes. “Deixei a forma da prancha natural e usei detalhes orgânicos. É uma série baseada na natureza”, especifica.

Leitor assíduo de escritores como Charles Bukowski pegou gosto pela escrita quando estava em Lisboa, Portugal, no chuvoso inverno de 92 sem pranchas (presas por cerca de dois meses na alfândega). Suas histórias de surfe com ficção foram publicadas em diversas revistas ao redor do mundo, como a coluna “Fishdaddy Chronicles”, na Water, além de crônicas nas revistas Surfer, The Surfer's Journal, Surf, OnFire, Fluir e Surf Portugal. Fez também reportagens sobre os diferentes lugares por onde passou. “Antes de tudo, sou um contador de histórias. Minha música mostra isso e os meus artigos também”.

Na fotografia, acumula imenso material de surf trips e trabalhou, no fim dos anos 80, fotografando grandes nomes no hip hop mundial, como N.W.A, grupo mítico de Los Angeles que juntou Ice Cube, Dr. Dre, MC Ren e Eazy E.

As habilidades deste artista polivalente são totalmente interligadas pelo mar. “Estou envolvido com todas da mesma forma. Nunca tive uma verdadeira razão para escolher uma ao invés da outra. Estas múltiplas facetas me definem não como artista, mas como ser humano”, explica.

“Não é todo meu trabalho que tem uma mensagem. Mas, o que tento dizer é para não se viver a vida da maneira como pessoas de fora (de sua vida) julgam normais. Não existe normal. Viva sua maneira de viver. Experimente todas as possibilidades e seja o mais feliz possível. Não tenha medo de sentir dor. Ela também faz parte da jornada. Não tenha pressa para alcançar seus objetivos financeiros. Ande devagar, explore as ‘ruas pequenas’, cheire as flores e, principalmente conheça a si mesmo”.

Entre seus projetos lançados recentemente ele destaca a publicação da crônica “Milagre em Malibu” no livro Surf Story, lançado no fim do ano passado nos EUA.

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